2.24.2013

Grândola, Vila Morena

Uma canção com um significado precioso na história portuguesa está agora tornada numa amálgama de coisas que são tudo e coisa nenhuma e que pretendem demonstrar a revolta contra os governantes eleitos.

A questão que coloco não é se faz sentido, a questão é a escolha. A canção dos Deolinda teve impacto porque surgiu da inspiração do contexto específico. A "Grândola, Vila Morena", em repetição constante, é um desrespeito a quem vivia a ambição de um futuro de liberdade. É um desrespeito às gerações que estão agora a tentar lidar com este país.  

A "Grândola, Vila Morena" não deve ser um canivete suíço que serve para tudo desde que seja para protestar; não, serviu no novo amanhecer, pela democracia, pela liberdade. 

2013. Grândola, Vila Morena. Não, 2013, país livre, uma democracia, com problemas é certo, como muitas. Um país com sérios problemas económicos e sociais que originaram um problema financeiro. Grândola, Vila Morena serve para a revolta contra a falta de trabalho, para que se lixe a troika e o governo. A música não tem significado neste âmbito. 

Se queremos mudar o país, passemos a olhar para o futuro e não a invocar sempre o passado para lidar com as novas realidades. Criemos músicas novas, criemos o futuro. 

A Portugal falta futuro, falta comunidade, falta visão e energia, falta compromisso e respeito, falta honestidade, falta liberdade, mas não aquela a que a música e o contexto histórico se referem. Falta liberdade e vontade de abraçar o futuro, de criar um país, de renascer. 

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