3.19.2007


Dentro de mim zangam-se as vozes humedecidas. São vozes do pântano que se cruzam no silêncio da amalgama interior. Têm nomes irreconhecíveis, tal a minha estranheza com os seus dedos, vozes da história. Conheço-os bem, venho de lá. A minha voz magnânime mendiga som, um calor entrecortado de confrontação. Inacabadas, em constante devir. Posições que se trocam, representações externas dos tentáculos internos. O “todo” que não precisa de outro meio para além da sua auto-reflexividade para chegar a si. Não. Para dialogar. De si não fogem as discordâncias, as incongruências ou as ininteligibilidades. Não são só palavras. Sou eu em diálogo. As fotos não me captam. Narro-me narrando, escutando os ineptos, os pusilânimes, os grilhetas, mas também os honrados, dignos, nobres…vozes. Conto histórias que respondem a uma relação, comigo e com o mundo, ou melhor, eu entre o Mundo e eu. Os animais descansam, a relva cresce. Respiro.

O quê?? Passagens.


São ruas largas de sorrisos e ruas largas de enternecedores gemidos. Os olhos rodopiantes desenham órbitas com pontos organizadores. A lágrima que escorre na rua esbate-se nos pés que a pisam. Um pé sorri, o outro desaba pela imensidão do buraco aberto na estrada. A incomensurabilidade adaptativa entre 2 estados de significação de vida. Dor e alegria em dois olhos são vida e morte no êxtase do inaudito da passagem. A rua alarga-se, um pé para uma rua, o outro empurrado pela motivação de resiliência. O lago, um barco, pedras, animais. O rubor das faces luzidias assemelham-se a um renascer. Passar uma montanha com dores nos pés e com alegria existencial. Sim. O carinho, vento reconfortante que impulsiona, vindo da natural expressão. O suco que seca a rua e que harmoniza os traçados. Desaguam na língua que conta a história. Sonhos, pesadelos, a mesma paisagem, mudam os tons, o riso e o toque. A integração total e complexa dos seres. A identidade. Maravilha dos maravilhados. Sublimação dos desgraçados Eu, único? Únicas, completas, complexas, comprometidas contigo, vida.