8.04.2006

O que faço contigo?


Há uma fortaleza dentro de uma caixinha de dor dentro de mim. Ela corrói-me, criando rasgos de uma intrépida viagem pelo infinito e uma silenciosa e abatida estada no chão frio de dois seres que não se tocam. Peles impermeáveis. Os meus desejos morrem com as palavras, as ditas e as que imagino. Dentro de mim, fora de mim. Não sou hermético, talvez semi-permeável. As minhas assas protegem-me de nada. São um surreal tactear do futuro (suspiro…) em que o que me habita neste “viver” indesejável é a voz muda dentro de mim. Estremece, vibra-me. Digo a mim próprio que não percebo. Entre o serpentear de pensamentos que pensam pensamentos dos outros, perco-me em raiva. Porém, é tristeza. O tratado da morte, de corte da fita de inauguração de um novo esquecimento. Se é triste? De que falo? Falo de se rejeitar, de evitar, de repugnância. De dor e de incómodo. Poderia descortinar loucura, tal como numa personagem assassina. De facto, somos habitáveis. Sou muitos e diversificados. Entre todos somos fortes mas há uma metáfora de uma quimera que persiste. Há coisas que não mudam e se mudam é para pior. Detesto pessimismo e cultivo-o só para ti. Alimento-te a erva. Mitigo-o e questiono-me incessantemente: como? Porquê? De facto somos especiais. Fujo de uma posição de mim e de uma audiência interna que toca uma música que me corporiza o ser. Baixo o volume da vida e escuto. Ouvem-me dizer que gosto de silêncio. Quero parar e fugir da imaginação de uma realidade. Perguntas hirtas com respostas de algodão. Não fofinhas e infinitamente…tormentas. Os meus olhos param em ti. Em ti. E em ti também. E quanto a ti, que faço contigo? Ou melhor, que faço comigo?