12.24.2010

Palermices honoríficas

Todos nós sabemos que as palermices existem às dúzias e que são mais baratas que as de ovos. São tão baratinhas que se dão ao luxo de aparecer disseminadas por tudo o que é canto, rebordo, televisão, jornal, ou boca.
E há uma que me irrita solenemente e que diz respeito à utilização de títulos académicos para significar alguém. Não é que tenha algum problema em que as pessoas tenham títulos académicos! Nem por sombras! Também investi muito dinheiro para os ter, por isso passemos à frente da palermice de quem afirma que "se o tenho, é para o utilizar".

Só não acho que um título académico se incorpore por baixo da derme e que, à mínima abordagem, se exiba na testa de cada pessoa e pisque os olhos de mansinho a exprimir um "anda lá, diz-me...".

Economista, Advogado, Engenheiro, Professor.
Dr, Dra.

Eles andam nos cartões de crédito, bem acomodados para que as pessoas olhem e sintam "ah! Que dia de %%#$! Ao menos sou um Dr. e ali o palermóide das bombas de combustível terá que me olhar debaixo daquele paralelo ali no chão quando colocar combustível aqui no meu xpto versão 15". É claro que pode ser muito mais subliminar que esta palermice que escrevi. Mas surge mais ou menos assim num panorama emocional virtuoso.

Faz-me uma inauguração num Vila de Portugal. "O Presidente da Junta não tem título académico. Apre!" - Pensa o Presidente da Câmara e os restantes dignitários dessa bênção. "O palermóide não pode falar! Nem saberá o que dizer!" - pensa juntamente com a sua equipa.
E assim se joga a divisão para reinar. "Xô xonecas!"

Adiante. É certo que muitas pessoas passam à frente dessas designações e não se esquecem que elas existem para além dos vincos de poder que gostam de exercer sobre os demais, formados mais novos ou outros sem formação.

E como as pessoas sem títulos académicos gostariam de ter um! Ah! Que bonito! Que bom que é dizer "o Dr. cvbn disse-me que...". Ahhhhh! Tão perto do poder, da sabedoria, da distinção! Mnham!

"Ao telefone de Londres, um português retido no aeroporto de Heathrow...". No canto superior do ecrã surge..."Nome da pessoa, Economista". Imaginem que era Soldador. Também apareceria lá? E se fosse Canalizador?
Não, pois não? Pois, também acho.

É uma grande palermice esta mania portuguesa, depositária de uma cultura centrada no respeitinho (não Respeito). Mas alto lá! Isto é apenas uma consequência antiga que virou causa recente. Se antes foi apenas a consequência de uma divisão de classes (ups...comunistas com K, ponham-se a milhas! Estou a falar a sério!) para os de lá de cima reinarem. Basta olhar para a sociedade portuguesa para perceber que é verdade. Virou causa quando foi introduzida para continuar a dividir, para sugerir que o respeitinho bacoco e palermóide deverá perpetuar-se.

Acreditem, só agora no fim é que me lembrei do Engenheiro Sócrates. Hum..já não tem piada. Adiante.

Alguém: "Dr. Ricardo, vai utilizar a sala ao lado do gabinete?"
Eu: "Não..."
Alguém: interrompendo-me.."Ok."
Eu: "Não, sou Ricardo".
Alguém: "ah.."

Pois é. Ganhem juízo!

12.07.2010

Bolachas de água e sal

 

O nome da minha perplexidade tem um sabor amargo. Cheira a mães esquecidas pelo tempo, a pais ausentes da proximidade, famílias engolidas por si próprias, ignorantes da sensibilidade.

Vive-se demasiado tempo com o ar dos copos, a imensidão dos pratos, o tiq-taq do relógio. Prossegue-se incessantemente para algures longe, perto da decadência, longe do amor.

Pequeno almoço de bolachas de água e sal, leite a acompanhar. Lanche matinal de bolachas de água e sal, leite a acompanhar. A repetição dos danos envergonha a repetição dos gestos.

7 anos. 9h30m. Sono. Mãe. Filho. Escola. Dia. Caminho.

Sem tristeza, sem saber que é possível zangar-se com a mãe, que é quem se zanga pelos astros todos que habitam a sua cama, antes de dormir.

Sortuda. Próxima dos sonhos de uma vida a que aspira, talvez perdida num pesadelo do qual não se consegue libertar. E ele a caminhar suavamente, utilizando os seus chinelos mágicos, flutuantes. Sono profundo.

“Mãe, tens que me ir levar à escola!”. O Mundo está lá fora, longe dela, perto da iniciativa dele de mais tarde dizer que ela é uma sortuda. Dorme mais. Sortuda. Não tem que trabalhar. Sortuda. Não se preocupa. Sortuda. Não tem que estudar. Sortuda. “Estou aqui, mãe!” Sortuda.

Sortudo? Não. Mas não se importa. Cuida-se sem desculpa, mostra os olhos que esperam pela reciprocidade, pelos olhos dela que poderia levá-lo de nave espacial para o melhor dia da semana.

“Fiz sozinho”. Sim, é verdade, fizeste cheio de ti, cheio de desejo de viver.

Sortudo? Sim.

12.02.2010

Canada needs…

 

  • 0631 Restaurant and Food Service Managers
  • 0811 Primary Production Managers (Except Agriculture)
  • 1122 Professional Occupations in Business Services to Management
  • 1233 Insurance Adjusters and Claims Examiners
  • 2121 Biologists and Related Scientists
  • 2151 Architects
  • 3111 Specialist Physicians
  • 3112 General Practitioners and Family Physicians
  • 3113 Dentists
  • 3131 Pharmacists
  • 3142 Physiotherapists
  • 3152 Registered Nurses
  • 3215 Medical Radiation Technologists
  • 3222 Dental Hygienists & Dental Therapists
  • 3233 Licensed Practical Nurses
  • 4151 Psychologists
  • 4152 Social Workers
  • 6241 Chefs
  • 6242 Cooks
  • 7215 Contractors and Supervisors, Carpentry Trades
  • 7216 Contractors and Supervisors, Mechanic Trades
  • 7241 Electricians (Except Industrial & Power System)
  • 7242 Industrial Electricians
  • 7251 Plumbers
  • 7265 Welders & Related Machine Operators
  • 7312 Heavy-Duty Equipment Mechanics
  • 7371 Crane Operators
  • 7372 Drillers & Blasters - Surface Mining, Quarrying & Construction
  • 8222 Supervisors, Oil and Gas Drilling and Service