Foi esclarecedor ouvir a entrevista ao PM José Sócrates ontem à noite, na Sic. Ficou claro que a sua política comprimida entre uma liderança autoritária e uma aura messiânica, redonda no inevitável: ou eu e a minha verdade ou o dilúvio. Melhor, todos aqueles que têm uma interpretação diferente da realidade são pessimistas e não são patrióticos. Todas as expressões de democracia que não se encaixem na adesão ao Grande Líder Sócrates estão condenadas. Sócrates é a democracia, daí não dar importância às formalidades que a sustentam.
É interessante verificar que é esta incapacidade de leitura da realidade que impede que o PM seja parte da solução. Não, ele é o problema. Sim, O problema principal na condução da gestão do país.
Pedro Passos Coelho, nascido num berço de valores e princípios sólidos, tem outra perspectiva. Ele disse há cerca de 2 dias que os governos vêm e os governos vão mas que o país ficará. Esta é a verdade que José Sócrates não admite, apesar de dizer que está a fazer tudo pelo seu país e que não vira a cara à luta nem desiste.
Sócrates, por mais que diga o contrário, está grudado ao poder porque é este poder que lhe permite exercer a magnitude da sua identidade empedernida em todo o esplendor. Se na primeira legislatura isso foi claro, mais óbvio é nesta legislatura.
Sócrates não hesita em angariar-nos para uma adesão bíblica da sua acção. Ao contrário do que diz, não está interessado no país. Está, isso sim, em que nós aceitemos que ele é o Messias que nos levará ao céu, apesar de num cruzamento lá atrás nos ter conduzido ao inferno.
Sócrates não tem uma identidade que gere harmonia na sociedade. Ele desequilibra e agride, gere conflitos e promove as análises simplistas, pois só elas permitem uma absorção imediata da sua verdade.
Sócrates não erra, Sócrates tem convicções.
Sócrates isola partes da realidade e devolve-nos os traços expressionistas mais carregados.
Quem gostar de papinha para os seus cérebros lamacentos, faça favor de se servir.
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