5.26.2009

Bolhas de autoritarismo

Uma sociedade democrática distingue-se de uma sociedade ditatorial através de um factor muito curioso, que passo a tentar explicar. A existência de indivíduos ou grupos que operam de acordo com matrizes repletas de comportamentos ditatoriais são, nas democracias, arranjos florais dispersos e circunscritos. A sua acção é reflectida nos outros sistemas mas como é vista sob a perspectiva “desta coisa que é a democracia”, reveste-se de outro significado. O contexto social não lhe valida os comportamentos que noutras situações seria abominável. Assim, parece apenas “normalmente” desviante.

Esses grupos ou indivíduos agem encobertos pela mediocridade e comezinha vontade de subir nas escadas do poder, de subjugar os outros à sua fortaleza de penas. Exercendo miríades de atitudes e comportamentos cheios de basófia, protegidos com uma aurélola de pseudo-respeito, amarrados à inocência de burocrata, eles são, aparantemente e paradoxalmente, muitas vezes considerados exemplos da vitalidade da democracia.

A democracia existe quando o respeito pelo outro abunda e se generaliza na sociedade. Mantem-se quando a lei impõe aquilo que já foi negociado como sendo praxis desse respeito. Rejubila quando aceita, compreende e pune todas as bolhas de autoritarismo. Enfraquece-se quando se verifica que o respeito ficou lá atrás, nos antípodas da empatia.

Há muitas por aí. 

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