Tudo, ou quase tudo o que parece poder mudar, muda. Muda sem esperança nem remorsos. Muda simplesmente. E não são só dicotomias. Não só saltos entre polos imaginados. Tudo muda. Sem agravo. Muda, uma profusão de horrores. Uma salada iníqua do inimaginável. Muda a pele, descolora. Caem as árvores, a solidão de morrer fica. Num momento tudo o que é sonho é ainda mais sonhável...entenda-se sofrível. Sofrer sonhando e sonhando sofrer a dor que merece sofrer. Merece, digo eu. Ninguém mais diz. Ninguém a sente, nem o poeta que escreveu neste tom há mil anos atrás. Nem eu, apenas a imagino. Faço dela as minhas velas e deixando os olhos em terra, levo apenas a capacidade de ver...o que não quero ver. O toque, mecânico, esgrimável, deductível na pele. O vento, esse que não pede licença, não compreende. Ondas vermelhas e azuis. Como variam elas sem que se mudem. Mudam-se os cabelos, ficam troncos. Os pés desfazem-se, as pessoas voam. Eu fico. Eu espero, eu vejo...não vejo o que quero ver. O vento está forte. O vento vai mudar de direcção mas não sofismará as escarpas que repousam em duas mãos de barro abandonadas na margem. Tudo muda e muda depressa, sem desesperança. Hoje será o mundo um lugar inabitável, corrosivo, exagerado. É sempre exagerado, e sempre exagerada será a reunião dos seres. Será sempre múltipla, e múltiplas serão as suas queixas e preces. Nem se darão conta que as coisas não mudam. Não. Mudam de mais mas sem mudar. nem se transformam. São gotas de chão que a imaginação caminha. Não existe. Ficou em terra. Ficou....com uma irritante e agustiante dor total!! E repousa. Como uma canção. As notas estremecem o corpo, não dizem nada, não falam, não nos ouvem. São egoístas, assim como as dores de querer mudar a dor. Talvez apenas, sofrimento, mais que dor. Ponho na balança, disco um código e tenho a fórmula. É longe onde ele está. Secalhar não virá...para me ver. Secalhar virá de grandes descobertas, coberto em pesadelos mas com prendas de Outono. E aí a vida será novamente uma mudança longa, como a dos répteis que habitam nos cofres do tempo. Um tempo longo que não parece mudar o mundo. No entanto, não espero mais. Vou lá para fora fazer-lhe companhia. Já mudei demais por escrevê-lo demais. Resta-me dizer-lhe.."estou aqui", não vim para dizer adeus, apenas para dizer que o mar que leva e que por vezes não traz, não é o mar. O mar que tenho aqui nas minhas mãos é o mar em que tu habitas. Não volta, não irá, ficará para sempre. Nada muda e tudo muda. Banal, original? Pergunta-te quando conseguires decifrar que anuências te sugerem as mudanças quando elas não querem saber de ti….apenas florescer para viver, morrer para florescer, morrer para viver. Sim, também é verdade, ninguém foi mas também ninguém ficou em excesso. Nada muda, nada muda e muda tudo.
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