A Vila de Válega é peculiar. Peculiarmente retrógrada. Em quase todos as perspectivas. Abramos esta janela e olhemos para a paisagem.
O que mudou substancialmente em Válega nos últimos 30 anos? Sim, é para responder. Continuo à espera. Sim, pode pensar um pouco. Não encontra nada? Hum…Pense mais um pouco enquanto desenho mais uns caracteres nesta folha agreste.
Nada. Quase nada. Porquê?
As causas: economia portuguesa rastejante - recursos financeiros escassos; na penumbra da ausência de Visão e Estratégia da Câmara Municipal de Ovar; ausência de uma Visão, Missão e Objectivos estratégicos próprios; falta de imaginação/inovação; auto-exclusão de uma ambição obrigatória; ausência praticamente total do sentido de comunidade; população com níveis de educação formal e formação cívica muito débeis, com receptividade reduzidíssima à mudança; e falta de canais de comunicação entre o Poder Local e a Comunidade.
As consequências: subdesenvolvimento social, económico, comunitário.
Mas continuo a perguntar, porquê?
Terá que continuar assim? É inevitável a decrepitude do subdesenvolvimento? Será o futuro da Vila de Válega uma recapitulação do passado?
É irritante pensar que o “sim” poderá responder a estas perguntas. Acho que toda a gente preferiria três letras diferentes…
Já se provou em Válega que é possível criar riqueza. Refiro-me ao caso único da Patinagem, tão eficazmente implementado e desenvolvido pelo Pedro Nunes e restantes colaboradores e atletas. Mas mesmo neste caso continuamos a ver um impacto reduzido. Cientes dos prémios e reconhecimentos obtidos, porque não colocar Válega no mapa Europeu como um pólo importante de Patinagem?
Não. Não se consegue. Continua tudo na mesma.
Escrevi, há algumas semanas, que tinha sido criado um espaço relacional para os idosos, o qual denominei por Sessões de Grupo. Foi divulgado um texto sobre a iniciativa no Jornal de Válega, em várias missas que ocorreram na Igreja de Válega, e colocaram-se pequenos cartazes em alguns pontos da Vila.
Contudo, apesar de 9 pessoas se terem inscrito, apenas 3 confirmaram a sua presença. Mais uma vez, a recapitulação acontece. Não é possível, ou aconselhável, realizar sessões de grupo com 3 pessoas. Não há dinâmica de grupo que se desenvolva numa amplitude e riqueza suficientes para atingir os objectivos delineados.
Resta a desilusão.
O que fazer?
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