Mas porque serão maldosos os homens? Porque se tornam tão rapidamente odiosos, mordazes? Porque adoram vingar-se, dizer mal dos outros, se acabarão por morrer, pobres deles? Que a horrível aventura dos humanos que chegam a esta terra, se riem, se agitam, e depois subitamente se imobilizam, não os torne bondosos, é inacreditável. E porque se apressam a responder numa voz de catatua, se lhes falamos num tom delicado, o que os leva a pensar que somos pessoas sem importância, ou seja, sem perigo? É assim que os ternos precisam de se zangar para que os deixem em paz, ou mesmo, o que é trágico, para serem estimados. E se fôssemos deitar-nos e dormir terrivelmente? A criança, enquanto está a dormir está a medrar. Sim, vamos dormir, o sono tem as vantagens da morte sem os seus pequenos inconvenientes. Vamos instalar-nos no aprazível caixão. Como gostaria de poder tirar, qual desdentado que tira a dentadura e a mergulha num copo de água ao pé da cama, de tirar o meu cérebro da caixa, de tirar o meu coração demasiado palpitante, este pobre desgraçado que tão bem cumpre o seu dever, de tirar o meu cérebro e o meu coração e mergulhá-los, os dois pobres milionários, em soluções refrigerantes, enquanto dormisse como uma criança que nunca mais voltarei a ser. Como são escassos os humanos e quão depressa se desertifica o mundo.
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