Nós não conseguimos perceber realmente o Outro. A distância entre a nossa subjectividade e outra subjectividade é imensa. O espaço da nossa vida imensa, repleta de histórias, auto-enganos, tempo, é incrivelmente extenso. A fluidez com que continuamos a viver, nisto a que chamamos “a minha vida…”, é insuportável para uma compreensão do Outro. Ou melhor dizendo, deveremos aceitar a natureza das relações.
O desconhecido, o mistério, esta distância, são essenciais para todo o drama que criamos.
Conseguimos, no entanto, isolar pontos de contacto, onde nos agarramos, onde compreendemos. Utilizamos narrativas para narrar o desconhecido, para preencher a totalidade da impoluta ignorância com sementes de partilha. Precisamos disto.
Precisamos de dizer “tu…” sem saber muito bem a quem nos referimos. Bem, sabemos que “tu” se refere a “alguém”, conhecido, muito próximo, mas a nossa compreensão do conteúdo com esse label é surreal.
Somos muito “os Outros”, quando nos esforçamos por estar próximo deles. Subtilmente, aproxima-mo-nos de nós próprios enquanto nos estendemos em direcção ao Outro.
No final de contas, a identidade pessoal é habitada por identidades pessoais, vozes e figuras presentes.
Somos todos juntos.
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