8.15.2008

Adeus

As emoções flutuam por entre as pessoas. Dentro de uma pessoa. Os sentimentos divagam sobre as mãos dela. Inerte. Músculos distendidos. Imóvel. Em silêncio.

A carpideira ruge o soneto, como que procurando fugir à fluidez dos sentimentos e emoldurar um quadro pitoresco e provinciano do sofrimento. Há quem julgue que o quadro fica melhor quando se arranja o conteúdo com lágrimas e sons de plástico.

Tilintavam as lágrimas silenciosas. Surgiam-lhe pelos olhos fechados. A sua face, recôndita, abandonada, impunha silêncio. E todos se vergaram. Por alguma coisa. Por algo que embeleza o altruísmo de partilha da rosa num mar de rosas.

E ela foi. Caíram as pedras, foram as pessoas. E lá está ela sozinha. Para sempre sozinha, na terra agreste rochosa.

Para sempre acompanhada, levada nos braços por memórias que apaziguam e veneram. Um exemplo de tenacidade, um orquídea selvagem nos pensamentos.

Adeus.

1 comment:

  1. Anonymous3:59 pm

    Eu não voltarei. E a noite
    morna, serena, calada,
    adormecerá tudo, sob
    sua lua solitária.
    Meu corpo estará ausente,
    e pela janela alta
    entrará a brisa fresca
    a perguntar por minha alma.

    Ignoro se alguém me aguarda
    de ausência tão prolongada,
    ou beija a minha lembrança
    entre carícias e lágrimas.

    Mas haverá estrelas, flores
    e suspiros e esperanças,
    e amor nas alamedas,
    sob a sombra das ramagens.

    E tocará esse piano
    como nesta noite plácida,
    não havendo quem o escute,
    a pensar, nesta varanda.

    Juan Ramón Jíménez

    ReplyDelete