As emoções flutuam por entre as pessoas. Dentro de uma pessoa. Os sentimentos divagam sobre as mãos dela. Inerte. Músculos distendidos. Imóvel. Em silêncio.
A carpideira ruge o soneto, como que procurando fugir à fluidez dos sentimentos e emoldurar um quadro pitoresco e provinciano do sofrimento. Há quem julgue que o quadro fica melhor quando se arranja o conteúdo com lágrimas e sons de plástico.
Tilintavam as lágrimas silenciosas. Surgiam-lhe pelos olhos fechados. A sua face, recôndita, abandonada, impunha silêncio. E todos se vergaram. Por alguma coisa. Por algo que embeleza o altruísmo de partilha da rosa num mar de rosas.
E ela foi. Caíram as pedras, foram as pessoas. E lá está ela sozinha. Para sempre sozinha, na terra agreste rochosa.
Para sempre acompanhada, levada nos braços por memórias que apaziguam e veneram. Um exemplo de tenacidade, um orquídea selvagem nos pensamentos.
Adeus.
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Eu não voltarei. E a noite
morna, serena, calada,
adormecerá tudo, sob
sua lua solitária.
Meu corpo estará ausente,
e pela janela alta
entrará a brisa fresca
a perguntar por minha alma.
Ignoro se alguém me aguarda
de ausência tão prolongada,
ou beija a minha lembrança
entre carícias e lágrimas.
Mas haverá estrelas, flores
e suspiros e esperanças,
e amor nas alamedas,
sob a sombra das ramagens.
E tocará esse piano
como nesta noite plácida,
não havendo quem o escute,
a pensar, nesta varanda.
Juan Ramón Jíménez
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