Entre mim e ti jorra um oceano de incertezas. A sintonia é acomodada e fluída. Tudo se desenvolve como se não houvesse um fim, um ponto de não retorno. Tudo é imortal e imparável. Mas quando vês alguém na sua vida, num traço circunspecto, então a vida é uma ideia com data limite.
Entre ambos, tu e outra pessoa, existem recuos que não vês, aproximações que não são desejadas e acções das quais não se tem consciência. Existe-se existindo uma vida em constante existência. Um fluidez exacerbada pelas palavras, um rio calmo e terno na realidade. Mesmo na tragédia, nas trevas vistas pelos olhos quando olham para o fundo, tudo é harmoniosamente fluído. E isto não faz sentido nenhum. Não conseguimos perceber a realidade. Nós somos a realidade. Não é possível separar elementos, pois tudo existe na simultaneidade e nas diferenças que permitem decalcar o figure/ground que não é mais que um congelamento rápido. Dialogamos a níveis inauditos para os nossos sentidos, todos os corpos vibram e dialogam com os seus interlocutores. Sempre, sempre, sempre. Sem parar. Sem restrições. Sem absolvições. Nada pára. Nada pára. Tudo pára quando paramos para pensar. O nosso Mundo, o Mundo de tudo, reduz-se a inteligibilidade criadas por sensores que delimitam a compreensão da vida. Reduz-me o círculo, reduz-se mais um pouco, e pára-se. Assim poderás pensar sobre ti. Existir é uma ideia brilhante que nunca cessa e raras vezes se extingue. Existência é uma ideia de mármore. Fria. A vida um zoom constante de realidades que se extinguem, desenvolvem, afrouxam e aceleram. Um "estou aqui a existir e sou sei disto quando me percebo que existi ao dizer isto."
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