Uma pessoa sensível e que pretende desenvolver posições harmoniosas ou justas, sonha sempre com o dia em que não será ridículo. O dia em que a polifonia daquilo que pensa se encaixa perfeitamente na mensagem transmitida. É possível que paradoxo de uma mensagem seja coberto por uma fina camada mas brilhante de assertividade. O processo até esse colorido assertivo é uma tempestade. Um sofrimento incorrigível na tentativa de agir numa posição aquilo que foi dito e contradito em várias posições. Assume-se a lúcida necessidade de concretizar uma letra simples e incisiva e uma pútrida consciência que está tudo mal. Tudo, desde o pensamento mais singelo ao rasgar mais iluminado que impinge ao próprio um enlevo duvidoso. E depois? Quando ouves? Ouves o terror inaudito de uma voz que se julga compreensiva mas enviesada. Nada feito. O que foste fazer? Mastigar a incerteza, cantar o desespero e voltar tudo ao brilhante relâmpago que jaz indelevelmente. E a corda rompe-se, o pensamento deteriora-se, é tudo posto fora e recuperado novamente. Na aura do que se quer dizer mas não se consegue transmitir como se pensa, surge..a..incompreensão. Própria, recíproca. Reavaliam-se os dedos contam as estações e pensam-se expressões de comunhão. Cortam-se as flores que não ousam crescer, não estas, e alimentamos uma nova posição. As cinzas voam. O vento está forte. O vento está fraco. O vento...não há vento. Uma lágrima tímida recolhe-se. A tua cara ilumina-se. Assim não. Ininteligibilidade. É melhor escrevê-la porque é difícil de compreender. Como compreender? Como explicar e entrar dentro do formato inculcado na terra? Como escrever lá uma dúvida, uma reserva, uma cor? Um passo? Como assumir-te como eu próprio enquanto tento alcançar o sentido do processo? Como moderar o pugilista que se esforça por matar o árbitro, não aguentando ser retraído ou avisado? Impossível. Uma posição pode ser de cristal e não partir, nem sequer rachar. Ser de tal forma fixa e irredutível que assusta pela determinação com que não se deixa reflectir. Uma posição de esmaga num cilindro e se torna um compacto que se atira para o futuro e chora-se no presente? Uma dor que pretendia ser esquecida e que faz brilhar...uma lágrima? Uma dor que impele o arrependimento a subjugar-se ao prejuízo de ver o Sol cair na cabeça e gostar de o sentir? É possível e acontece. Uma posição que se constrói aos nossos ombros, carregando as nossas costas com uma mochila que traz um mundo de...consciência tranquila. Uma consciência que se esmera ao máximo por não se questionar, por aceitar e bendizer a necessidade de aceitar que não se trata de uma mochila mas de um planeta. Um Mundo de sonhos trocados pela face que se suja para não chorar...por ti. Por vós. Uma face que vive entre a alegria da fortaleza e tristeza da sua ruína, percebida como inevitável enquanto a revolta é infestante?
Revolta.
Indecisão revoltada.
Ponderação.
O choro da água cinzenta; a alegria do enlevo.
O pano que enxagua os pedaços pequenos da insensatez..de quem?
A vida que se marca por um tom negro de exasperada fortaleza, de uma moral que surge no cimo da montanha como superior...a quem?
Pacífico é o nome que se dá a precariedade.
Precariedade é o nome que se dá à face suja e à tentativa de transmissão de uma polifonia que não se ajusta à sensibilidade de um "sim" ou "não".
Uma decisão que se toma para te dizer que sou melhor que vós.
Uma decisão que se torna um "podes sê-lo" e um "e nós tentaremos ser sempre piores que tu", puxando os teus belos cabelos até ao chão, cuspindo no chão quando nos olhamos para o espelho.
Que raio de terra é esta em que os espelhos estão todos partidos?
E a angústia renova-se. O novo ardor desloca-se para um novo diálogo. O que fazer? Ou melhor, o que ser e como ser na forma como se pretende substanciar um ser?
Como dizer sim e não ao mesmo tempo e, concomitantemente, bocejar pela ridícula necessidade de dizer "..."?
Caem com os joelhos no chão e as folhas levantam-se. O vento boceja. O homem ridículo sai de casa e leva na trela a lágrima que não se compreende. Deixa-a no jardim.
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