11.21.2007

A tua liberdade é de papel

Que liberdade por entre estes carris desenfreados? Que liberdade recebo das minhas vísceras, urgentes no seu desígnio para me alimentarem? Que liberdade me reservo na minha ânsia metafísica? Um pouco de nada dentro do meu jogo reservado. Quando os meus olhos se entrelaçam nos teus fazem-no sabendo que a liberdade de o fazer encarece a responsabilidade de os imaginar? Que coimas pago eu por não querer esta liberdade tão fictícia! Carne, tempo, regras, pegadas. Rostos mutantes maquilhados com pós de arroz. Viramos nas esquinas programadas para nos verem. Contornamos os buracos da estrada, tomamos a decisão de prosseguir. O quê? Para onde? Porquê? Constrangidos pela tua necessidade de criar hábitos, erguemos mundos polivalentes. Mudámos-lhes os temas, pintamos-lhe os contornos, até trocamos-lhes os nomes, mas o que mudámos? Um risco diferente por entre caminhos mais “correctos”? Minha liberdade de viver aprisionado! Utopia derradeira esta de não ser tu e todos em todo o momento! O escape do individual emergido no colectivo. Que fumo de fugida? Sementes de pó. Ele assenta, ele voa. Nós ficamos, nós vamos. Mudamos? Sim. E queremos? Mudamos.

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